Ele
se lembrava mais uma vez daquela bela juventude. Isso acontecia sem sua
vontade. De repente ou ouvir uma música, sentir uma sensação, lembrar de alguma
pessoa, momento ou alguma pequena coisa daquela época ele caia no túnel do
tempo e era sugado novamente para todos aqueles gostos e sensações.
Doía
para o pobre garoto ver-se sentado naquele escritório como o adulto que ele
sempre teve medo de ser e ainda dizia que não era. Era apenas um jovem, uma
criança que não cresceu. Um adolescente que não amadurece. Porém, por fome
talvez. Por medo de estar perdido ele estaria ali se perdendo aos poucos. Como
todos os seres humanos fazem quando deixam a inocência de lado e partem para
luta com seus ternos e maletas. Ele estava ali dentro apodrecendo aos poucos a felicidade
daquela juventude e chorava ao recordar as tardes ensolaradas que voltava para
casa da escola. E como ele mesmo dizia: “Não
me lembro de um dia sequer que tenha chovido!”.
Pois
eram assim as coisas daquela época. No máximo se preocupava com a escola e nem
isso. Nem tanto assim o preocupava. Quem saberia que um dia seria mais
importante do que parecia?
Ele
era como um conto de fadas que um grande animador contava em filmes belíssimos
apresentados diretamente ao publico infantil. Era como se nunca fosse crescer.
Ele sabia que esse dia chegaria, mas temia-o com todas as forças de seu ser. E
hoje somente sabe ver o mundo como uma prisão de cegos adultos. Infelizes
rondando pelas ruas de sua pequena fuga. Perto de casa sentindo-se do outro
lado do mundo. Ainda sem crença nenhuma na realidade que o dominava dia e
noite. Que consumia seus dias a fio como se não importasse ficar deitado o
tempo todo naqueles cobertores. O que mudaria? De qualquer modo não fazia menor
importância visto que a vida já havia lhe tirado o prazer e o sentido de viver.
Foi então que ele notou que era esse o momento que se tornava adulto e a partir
de então a espera era somente uma: A morte.
Márcio
Mattos
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