09 fevereiro 2011

Criança Não Toma Café

Café foi feito somente para os cansados. Para autores, artistas e criadores. O aroma acompanha a fumaça queimando todo o interior de seus corpos. Purificação em méritos dos mortos de gostos mundanos. Ou gostos medíocres. Amargo e brutal atacando os lábios e navegando sobre a pele macia em carne viva jamais tocada tão intensamente. A calma que fugiu do mundo. O silencio que fugiu de mim. Preciso amadurecer para compreender as dores do mundo. Os senhores, ou melhor, velhos. O café não foi feito para mim. Não é meu. É de ninguém. Somente de passagem vem sem doce me por pra dormir. De olhos abertos. Inerte. Em transe.
Meu corpo já é incapaz de conviver em paz e sem dor. Sou fraco de mundo. Sou jovem. E jovem no amor. O sol ainda brilha com o céu azul pra mim. O vento. Vento e ar. Ar. Ar fresco, vento. Frio e nuvem. Força. Cansaço e cansado quando caminho nas pedras do barroco que é meu. Mais meu do que de ninguém. Tão humilhado e não reconhecido um velho e uma xícara. Calmo como o tempo, quieto como um predador, bravo como o vento, cego como o amor. O homem e a porcelana. O calor no gelo. O fogo e a água. Escaldante fumaça que trás o aroma dos deuses que dizem com sabedoria o segredo do mundo e da força. Vento, Nuvem, Sol e café.
_ Seja grande meu caro! _ Tossiu _ Venha, sinta-se em casa. Puxe uma cadeira que vou lhe dizer o que conta o jornal dessa manha de sol. Tome um pouco de café.
_ Sem açúcar, por favor. _ Cruzou os dedos e fixando os olhos no velho partiu em prosa. _ Qual foi o resultado do futebol?
Márcio Mattos

2 comentários:

  1. "Preciso amadurecer para compreender as dores do mundo"
    profundo, sério, pode escrever um livro.

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  2. ps: vou pegar sua frase emprestada pro Butterfly ;D

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