02 março 2011

Intocável pele

A dor de cabeça que não dói fisicamente. O coração batendo forte por minutos, horas e dias. Sem parar. Os olhos fixos na mão trêmula e a consciência focada no corpo debatendo-se como um ataque epiléptico. Como se eu não fosse aquele que sempre fui. Como se eu não conhecesse esse sentido sempre acontecido comigo. A falta do controle e a falta do foco na vida. Quando digo que estou com problemas no trabalho, porém o trabalho é meu corpo e minha alma. Minha necessidade de  ter alguma fonte de combustível. E a minha fonte passando longe como uma miragem. E rápida visão de ódio, não meu. Minha vergonha e minha dor desconhecida. Minha vontade e minha necessidade vêm à tona em segundos quando eu vejo a chuva caindo. E a chuva sem me tocar molhando o corpo. As lagrimas dos céus escorrendo sobre minha face. Minha roupa seca e minha pele suada. O som que me lembrava os sonhos, a música que me fazia dormir. Nada me conforta mais. Nada me acalma mais. Nada é capaz de me fazer parar. Eu quero parar e não consigo. A necessidade. Eu sempre sonhei com aquele tesouro. Eu sempre quis aquele arco-íris do céu e do mundo. Que deveria ser do meu mundo, que deveria ser meu. Eu queria que fosse ao meu lado que brilhasse. Eu queria ser essa cor morta por de trás da vida. Eu sou a nuvem negra que calma voa por ali. Sem falar. Sem pesar. Sem sentir e sem direito. Sem braços e de mãos atadas eu sou o melhor. Somente por debaixo da casca grossa das arvores velhas de milhões de anos. A minha beleza é rubra e forte. Minha beleza e muito, e ainda assim pouco, valorizada. Ela esta no meio de muito verde. No centro e quase impossível de ver. É preciso crescer, é preciso se elevar, é preciso ser maior para alguma valorização do valor da vida. Do valor do sentimento. Da minha vontade.
Eu queimo rápido feito álcool e explodo como gasolina no deserto sobre o sol quente. O sentimento é como isso. Instantâneo, ligeiro, veloz. É como a pétala que cai da ultima mulher do outono e quando toca o chão sobe ao céu como fogos de artifício. E como o sangue que pode vazar pelo diafragma oprimido como a ponta da agulha em poucos segundos e pode não ser. Tudo se limita na explosão dos sentidos pecaminosos. Do meu desejo. Tudo acontece de acordo com meus dedos. Tudo vem de mim e vai ao chão quando explode. Tudo vem do meu sonho e corta-me em brasa. Meus devaneios me cicatrizam de tal forma que sou incapaz de explicar. Meu amor é demasiado único e singular. Singular o bastante para afetar única, inteiramente e intensamente a mim. Somente meu corpo, somente minha alma e meus sentimentos. Minha necessidade e meu desejo. E é então que meus olhos ardem, minha pele padece perdendo a cor. Que meus pés perdem o equilibro e meu mapa se apaga me tirando do caminho. Perco a direção. Perco o sentido e o propósito. Perco a razão. Não tenho ódio. Tenho vergonha. Além de tudo que é certo... Tenho raiva de mim.
Como nos muros de tijolo seco. Sou um cartaz ilegível. Conto informações desconhecidas de lugares perdidos. Sou parte das ruínas. Sou uma arte sem valor e sou um lixo. Madames me olhos com desdém. Homens me cospem. Fui criado somente para aqueles que são capazes de ler nas entrelinhas. Somente para aquele que sabe sentir o que eu sinto quando me vê nos olhos. Pois nunca me olhou diretamente. Sou incapaz de olhar além do que é físico e próximo.
[...] É incapaz de pensar por mais de um segundo.
Matheus Oliveira

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