Tão cruel e tão frio. Uma nova fase de uma personagem que eu já estava apaixonado. Não consigo crer que pode se tornar em algo tão detestável e arrogante. Tão frio e tão decepcionante. Tenho orgulho do que é, mas tenho um enorme nojo, uma repulsa apavorante e um ódio. Caem em mim tons escuros quando meu corpo enche-se de cólera pelas coisas que nos dissemos há alguns anos atrás. Quando éramos duas crianças. Surge novamente a vontade de falar tudo que ficou preso no passado, estagnado na memória da minha alma. Eu disse varias vezes que o amava, mas nunca o disse que era admirável seu modo de usar as palavras. Nunca disse que gostava do seu cheiro e da forma que dizia “Olá”. Só de pensar um minuto em tudo que esta errado fico cansado. Sempre penso no amor como um sonhador. Não consigo, ainda que dizendo, ver o amor como algo inexistente. Ele permanece dentro do meu corpo como o sangue que corre minhas veias. É patético para mim; falar de amor. Nos sempre falamos de amor. E olhe novamente para nossos trapos. Eu totalmente acabado em ilusão e você correndo esquinas à noite a procura de corpos sem vida. Olhe para nós.
Eu sinto tanta da vergonha do que nos somos hoje. Eu tenho uma vontade de conversar novamente com você, para ver se de alguma forma nos dois, juntos, possamos salvar-nos dessa ignorância, dessa hipocrisia. Quero saber se somos capazes de fazermos algo novamente. Que não seja insultar e esfaquear no deserto os corpos amados ou ate odiados por nós. Que não seja trocar os lados na rua, abaixar a cabeça. Que não seja sorrir com o cenho franzido. Alegre. Que não seja você me odiando, que não seja eu falando para você sumir. Que não seja você dizendo injurias, que não sejamos nós. Que não seja.
Era tão doce o tecido que puxávamos, era tão macio. Tão cumprimo e bonito. Era nosso. Era tão quente o sol naqueles dias, se lembra? Era tudo tão calmo e leve. Era um pouco irritante e excitante, era libertino pra idade. O que a gente fazia aos fins de semana que eu não me recordo mais era o ponto maior do meu êxtase. Está escrito em algum diário meu que eu leio nos momentos fracos de nostalgia. Perdoem-me.
Onde eu estou não há mais aquela alegria. Apesar de aquela ser apenas uma falsa tática de reconquistá-lo. Ela nunca ao certo existiu. Posso dizer que sim, a partir do momento que eu me concentrava em fingir que era tudo verdade. Mas não estamos aqui para isso correto? Perdoe-me, pois não consigo de forma alguma me concentrar. Tenho tanta necessidade daquilo tudo novamente, foram tantos anos de minha vida dedicados aquele primeiro suspiro de amor. Eu era tão jovem garoto, tão jovem. Estava descobrindo o mundo. Estava precisando do seu conforto. Precisava tanto que você precisasse do meu conforto, de meus braços de meu corpo. Era tudo tão libertino para nossa idade. Era que era. E foi. Hoje é. O tempo passou e foi cruel. Que seja novamente cruel, gire o mundo, mundo e volta. Você volta pra mim também. E hoje eu poderei ter-te feliz?
Matt Castan