30 setembro 2010

Você

Passei dias, semanas e meses sem querer alguém novamente para me olhar no fundo dos olhos defronte ao meu corpo sentado de pernas cruzadas sentindo as minhas mãos em seus cabelos. Com a noite a nossa volta, a luz leve da janela de madrugada e o frio. A calmaria. Sem essa passei muito tempo para mim. Sendo somente eu e meu cigarro. Minha cidade - a minha mãe.

Essa saudade me mata e cansa meus olhos. Meu corpo fica tão estranho sentando aqui no trabalho. Essa musica perdeu toda a graça e procuro alguma e nunca acho aquela que me fará fechar os olhos e imaginar minha respiração. Quero algo que não idealizo. Quero um sonho que não conheço e um desejo que não imagino. Quero sair daqui com o coração doendo e o medo. Quero tanto chorar, quero tanto algo que eu não sei dizer. Este céu sempre me deixa assim, estranho. Fecho os olhos a contragosto e vejo objetos de sua responsabilidade, vejo sua personalidade. Lembro da noite especial do ultimo fim de semana, não sei o que quero. Não sei o que é certo. Sua amizade me mata, tua ausência me destrói. Tua presença queima minha autoconfiança. Quero-te longe eu mesmo tempo que quero perto e se perto não sei o que faria. Sei que nunca diria o que sinto. Nunca seria capaz de falar-te que depois de tanto acontecido meu coração ainda encolhe-se e contrai no meu peito quando tua face vem a minha visão. Mesmo que de longe quero correr de ti. Fico sem palavras, fico sem rumo. Perco o ritmo do meu dia inteiro somente pensando naqueles poucos míseros segundos que você veio a meu encontro, passou e foi. De cabeça baixa ao longe sumiu. Eu não fiz nada pra impedir. Desde aquela noite em que eu chorei ao teu lado não sou o mesmo.

Desde que acordei para te ver minha alma trocou de corpo ou o corpo de alma. Já não sei. Somente sei que deixou quem eu era num passado que não tenho vontade de reencontrar. Sinto-me mais profissional, mais maduro, mais responsável. Sinto-me homem e me sinto digno. Sinto-me alguém. Apesar de me sentir ainda, jovem demais. Talvez por não souber o que quero. Quem eu sou. Pelo menos não com plena certeza do que digo.

Não gosto de viver essa ilusão. Achar dentro de mim esperança de algo que nunca vai acontecer. Imaginar que por trás de seu sorriso há um sentimento especial por mim. Há! Porque imagino essas coisas ainda, com tanta estrada na ilusão não aprendo nunca.

... Nunca!

Márcio Mattos

20 setembro 2010

Trecho de Colorful

Trecho de Colorful (Capitulo 01 – Inicio de Tudo – Livro 01 – O amor acontece)

Do contrario a manha anterior o calor toma conta da cidade. A mudança de clima assusta Miguel que acorda ás nove da manha. Uma luz forte com o tom levemente amarelado entra cortando as cortinas de seda branca e repousando no tapete bege no centro do quarto. O que parecia cinco minutos de sono para Miguel foram dez horas para o relógio. Confuso o garoto tenta seguir os murmúrios que o despertaram de repente. Eles vêem do andar de baixo e sobem ferozmente. Da mesma forma somem e voltam. Fazendo um circulo vicioso e confuso. Havia alguém em casa alem de seu pai. Alguém viera lhe dar as boas vindas. No momento não bem vindas. Miguel viu então sua paz sumir feito uma bolha de sabão no ar. Fez que não com a cabeça virou-se em direção contraria entrou novamente em seu quarto onde se despiu e entrou no banheiro.

O vapor da água quente se perdia no ar desenhando a silhueta nua de Miguel e dançava a seu redor. A água corria seu corpo. Ele sentia como se aquilo lavasse sua alma enquanto medo e felicidade consumiam-no inteiramente. Feliz por deixar tudo o que passou. Os piores dias de sua vida, suas piores lembranças. As marcas dos fantasmas de seu passado. Apavorado pelo que poderia acontecer daquele momento em diante. Do momento que abriu os olhos num lugar longínquo a aquele que lhe fez tanto mal. Medo da escola. Medo das pessoas e da cidade. Medo de amigos e medo de amores. Ou talvez somente medo. O pseudo-medo que o encorajava a tentar.

Márcio Mattos

Blog Oficial de Colorful

06 setembro 2010

Segunda-Feira

Olha só, que saco. Dia chato. Hoje eu não vou trabalhar. Vou ficar aqui sentado. De frete pro computador a acabar com a visão. Não vou fumar, tem uma placa me impedindo de fazê-lo.

“Proibido Fumar”

Tomar no cu, que hoje eu to com raiva. Sim, estou de saco cheio da chatice. De saco cheio do céu nublado, que eu havia comentado como amo, que saco. Mas eu também não quero voltar pra casa hoje. Não, e também não estou a fim de ver o show ou visitar meus amigos que voltaram de viajem. Isso é frio da minha parte, mas falo a verdade. Que é pura. Eu quero ficar em algum lugar diferente, mas não tem nenhum. Mas até eu chegar nesse lugar, fuck. Eu deveria estar “alegrezinho” pra sair andando pela cidade doido atrás de um lugar calmo. Ontem foi bom, enquanto durou. Que saco. Acho que vou ler um pouco de textos amadores. Ler alguns textos dele só pra fazer media e puxar o saco mesmo, não perder a rotina... aaai, que merda.

Matt Castan

The Beat Of Your Heart

Tudo na minha cabeça mostrava que seria mais uma tarde como qualquer outra. Ou pouco melhor pelo simples fato de eu estar ao lado de alguém querido e perto de um garoto o qual sou paranóico. Ver o garoto era uma simples hipótese. Na noite passada havia estado ao teu lado com o intuito de protegê-la e ver-lhe os olhos abertos e calmos. Como não estavam no momento que me sentei ao teu lado e ajudei que respirasse tranquilamente. Diferente de todos eu queria a ver dormir. E queria sozinho.

Com o toque leve, alarmante, do meu despertador acordamos. Eu tentei evitar que ela despertasse, mas ao virar-me e olhá-la vi seus olhos em mim. Seu corpo apoiado nos braços debruçam na cama como eu. Era um reflexo perfeito. Não pude me conter de felicidade ao ver como era calma sua respiração agora, de manha e dei-lhe um forte abraço. Joguei meu corpo sobre o seu, envolvi meu rosto eu seu cabelo e lhe beijei por de trás da orelha.

Transpirava minha alma demoníaca de tanto calor, e ela, bufava como um animal enraivecido. O calor castigava nossa pele enquanto buscávamos insaciavelmente o pulo perfeito. Foi um dia inesquecível para mim. Já era hora de eu voltar para casa, deixá-la em fim. Sozinha. Mas o inesperado aconteceu. Uma coisa que eu nunca poderia imaginar em toda minha vida. Minha pequena.

_ Ai Matt. Minha vida esta tão complicada. Você somente complica mais. _ Seu sorriso era doce, malicioso, confuso, misterioso.

Depois dessa frase, o mundo girou para mim. E agora eu sinto meu sangue correr quente nas minhas veias de tão feliz que me sinto. De tão seguro. Tão... Tão... Tão...

Matt Castan, I dedicate