Eu posso
amar uma música mesmo que está não me responda
Um quadro eu
posso admirar mesmo de este não me fale em palavras
A voz não é
concreta, porém é materializada e ainda assim, não posso tocá-la
Contudo ela
toca meus ouvidos e meu coração num mesmo instante
Posso
assumir meu amor aos ventos, se amo um ídolo
A obra em
pedra, se eu quiser, posso beijar enquanto meu peito
De flores se
enche e se esquenta queimando a dúvida de que a energia
que outrora
duvidara existir em nossos amores, ali estava.
Não preciso
ter olhos para sentir perto de mim nuances de um amor,
O sopro de
sua dor, a felicidade de seu sorriso, até mesmo sua voz estranha
Floreando palavras
escapas de sorrisos que ainda hoje me fazem sentir paz
[Com a licença
de suspirar, por enquanto escrevo, lembrar-me novamente deste.
E sentir-se
rodeado pelos fantasmas da doença que psicopateia minha fala
Que proíbem minha
liberdade de ver em nuvens suas formas, de ver luzes
De sentir-me
poetizando os momentos, emaranhando os sentimentos
Desejando seu
corpo aquecendo meus medos e cortes na pele que ardem no frio
Desejo
previamente impedido ornando do consentimento de não poder e não querer
Não querer
querendo respeitar os espaços, manter os laços e sorrir diariamente feliz
Assumir
desejo sonho beijo de estar do seu lado rindo com medo de querer-te mais que
bem
Em fim
sofrendo amores justos, que por convenção, injusto, de equilibro, por ti, nada tem
E
permanecer, confuso e perdido, no labirinto sombrio pincelado de neblina e azul
bali
Ainda parado
em questionamento constante, pois, posso amar uma música mesmo que esta
não me
responda e um quadro eu posso admirar mesmo de este não me fale em palavras
Contudo amar-te
não posso e assumi-lo não devo, nem em desejos.
Pois assim
nossa amizade acaba.
Márcio Mattos