11 janeiro 2011

Conceito

Quando eu era uma criança não sabia o que queria da vida, sendo que a própria não me fazia tantas questões. Não sabia o que era e quem era. Não me importava mais que uma tarde na rua com os amigos brincando de rouba bandeira.
Sou um homem como outro qualquer? Sempre o digo e sempre acho um clichê quando penso que sou mais que somente um número na multidão. Sou um conquistador, sou um lutador e quase um herói. Sou meu próprio pai e meu próprio filho. Sou meu futuro e meu presente, sou quem matou o passado e sou a revolução. Sou demasiado forte e fraco. Tenho dores, tenho medo. Não sou corajoso o bastante pra levantar-lhes a mão e sou quando devo tocar a tinta no papel, pois é quando anuncio ao mundo meu sentimento mais profundo e minha raiva, e meu amor, e minha dor. E todo meu ser se reflete naquilo que toco, naquilo que mostro e crio. Minha arte. Minha força. Sou, como sempre digo a mim, um sonho. Sou meu Deus. Sou pequeno e grande. Encontro-me e me procuro em mim. Preciso, sobre tudo e apenas, de mim. Hoje que vivo, digo com coragem, sou alguém. Sou mais que isso, sou um rei. Sou capaz e não preciso de seus méritos, faço de suas armas, flores do meu jardim. Faço de seu veneno o acido que cicatriza minhas feridas feitas por ti. Quando fraco de físico e incapaz de alma. Quando ainda declinava sobre as palavras que ouvia calado, talvez por vezes gritando. Contudo sem argumento e sem conteúdo. Hoje sou o tudo.
Márcio Mattos

Pensando Bem

Não sei bem dizer se entendo o que ela sente ou não. Por vezes senti-me em seu lugar, tomei suas dores e gostaria de tocar sua face. Em outros tempos simplesmente lia um texto sem vida, não o texto, somente minha pessoa. As suas palavras entravam em minha mente como que uma carta destinada a mim. Pura e inteiramente a mim, suplicando num grito desesperado aquela resposta que um dia eu procurei feito um lunático, corri feito um pássaro que corta as nuvens em dois. Sempre a procura de um ideal. O fato é que essas coisas doem a cabeça demasiado forte para os fracos, que são por outro lado fortes demais. Que são fortes sem saber e demonstrar. Sem o conhecimento dos outros que tem uma vida serena e calma, e ninguém tem, porém, por vez. Todos têm uma vida um tanto quanto mais fácil. São aqueles que sofrem uma dor inconfundível e desconhecida. Quase única, não fosse um mundo tão grande e abrangente. Senti-me em sua pele. Ela reflete o meu passado e temo que não tenha o meu pressente buscando o meu sonhado futuro. Que seja forte tanto quanto eu fui, ou que seja mais. Que pense e viva levianamente. Que sinta o peso como uma arma e dela faça sua vitoria. Quero que veja em que mundo estamos, e acima de tudo, em que mundo está.  Pois eu pouco jovem, e muito fraco, talvez não saiba como é sua dor. Como é seu mundo de ontem, hoje e agora. Amanha e sempre. E nunca. Talvez seja o que eu pense e talvez seja o que eu nunca possa pensar em meus mais profundos declínios. Vejo-me num mundo de dor e cortes. Sangue e alma, e poder de fraqueza. A dor que move os pés e leva o corpo. E eleva a alma e fortifica o ser.
E eu que sempre reclamei da minha vida. E eu que sempre me pus num mural como exemplo de sofrimento de dor. E em casa por vezes, me sentia envergonhado por ter uma vida tão luxuosa e por vezes via também que aquilo não me completava e não supria meus desejos. E o ser humano sempre quer mais, e sempre, luta por ter mais. Porém alguns nem sempre buscam, somente querem. Não lutam, somente esperam. E eu sempre procuro um modo de encontrar o que sonho, por vezes erro. E não sinto mais necessito de contar que errei somente erro e mudo. Cresço, amadureço. Passo e nem mais posso lembrar que errei com a cabeça focada em novos problemas. Pois esse círculo nunca se abrira. Nunca se rompera. Sempre que um problema acaba inicia-se outro. Sempre que algo tem fim, novos conflitos têm inicio. E como um círculo, uma bola de neve forma-se descendo a ladeira e crescente explode contra pinheiros no fim da montanha. É o clímax do inicio e do fim de nossas vidas. O ápice de nossos problemas, tanto pequenos quanto grandes, que fazem da nossa cabeça uma espécie de lenha que queima devagar numa noite fria. Ilumina-te, move-te, cresce-te, leva-te, ajuda-te, porém, acima de tudo, queima-te. Destrói numa ferida sem cura, que nunca some de sua pele que um dia, quando muito jovem, foi delicada e bela. Hoje, tua pele esta queimada, tua face manchada e teu coração, tão jovem, é velho. É forte e triste. Somente contigo luta pela vida, pela esperança de que um dia tudo isso passara. Tudo renovara, de que um dia, por mais clichê que seja, seremos felizes. Será feliz. Serei feliz.
De acordo com a necessidade de expressão quanto ao assunto. Creio que só terei algumas poucas, quase somente uma, coisa a dizer. Diga, fale, escreva somente aquilo que sente. O que tem necessidade de criar. Se sente vontade e capacidade. Pressão pessoal única a qual diz a si mesmo(a); Faça!, então assim, sim, faça o que tem necessidade. Não faça nada que não queria, não recite, não comente e nem desabafe se não for de coração. Se não for de total necessidade pessoal. E crescimento de um trabalho que fornece somente a você.

Márcio Mattos

07 janeiro 2011

Logo que eu criei para uma festa da Boate Deluxe.

05 janeiro 2011

Homens Bonitos

Eu vi um homem de manhã. Não que isso seja algo de novo, pois não é. Porém, achei interessante como este homem passou tão depressa. Com tanta raiva e astucia. Passou do outro lado da rua. Usava uma calça um tanto quanto apertada e uma camisa largada. É eu notei o homem de verdade. Por que ele era um homem bonito. Eu sempre vou olhar um homem bonito quando ele passa, pois faz parte da minha natureza. Eu sempre vou olhar. Mas este homem bonito de calças justas. Passou olhando vago. Sem notar que pisava torto e que corria demais. Estava com pressa sabe? Estava atrasado. Pois com certeza ele acordara tarde demais pro trabalho então não pôde tomar banho e nem café pela manha. Somente vestiu-se e saiu. Não trocou nem de cueca. Somente saiu olhando o céu e evitando o relógio. Foram alguns poucos segundo que o vi. Ele passou assim de repente e eu um jovem curioso olhando todas as direções possíveis o olhei também.
O que me chamou a atenção naquele homem com pressa de manhã? Tenho total certeza que não foi sua pressa. Lembro-me da barba. Por fazer. Bem leve. Era possível ver a pele por debaixo dos fios grossos e lisos. Ela seguia o desenho do rosto de uma forma espetacular. Correta. Uma barba de fim de tarde de manhã. A sombra celha também era bem chamativa, pelo menos pra mim que de acordo com a natureza olha os homens bonitos que passam pela rua. Retas e invictas. Pareciam cuidadas, penteadas e armadas. Sombra celhas ótimas posso dizer. Os olhos eram fixos, mas tremiam um pouco por causa dos pés tortos que agrediam o chão calmo. Porque o chão é muito calmo. Quieto e calmo. Como o céu, e as montanhas e as árvores. Porém sem as nuvens e o vento que são raivosos. O chão é calmo. O homem bonito não. É inquieto e apressado.

Hoje eu vi um homem me olhando. Ele me olhava com os olhos alegres, e os pés não tremiam contra o chão hoje. Hoje eu acordei tarde demais. O ônibus já havia passado. Todos já estavam em seus devidos lugares. Nos escritórios entende? E eu corria na rua da minha casa com um pouco de frio. Tomando cuidado pro meu cadarço não tocar o asfalto molhado e colocando o cinto na calça que descia cada vez mais. E como eu conseguia segurar o guardachuva? Decidido tomei postura e ganhei dignidade novamente, por poucos segundos. Levei minutos tentando me conter dentro do ultimo ônibus do dia. Eu estava atrasado demais. Não tomei banho e nem café. Não preparei meu cappuccino matinal. Oras. Nem ao menos pude trocar de cueca. E olha que durmo de samba canção. Desci correndo do ônibus no centro da cidade. Isto levaria mais alguns minutos a pé. Corri tanto que minha perna tremia contra o chão que não me parecia calmo. Nem notara isso não fosse um homem olhando para minhas pernas. Ele sorria contente. Estava de folga e não estava de fato atrasado mais. Com uma barba um tanto quanto maior. O que era estranho, pois homens bonitos e com tempo não têm barba. Sombra celhas acusadoras me diziam algo sobre as horas e eu evitava o relógio. Aquele homem era muito bonito. Eu sempre olho e reparo homens bonitos por que faz parte da natureza humana que um homem como eu. Hoje de manha eu vi um homem do outro lado da rua. E este homem, hoje, não tinha pressa. Achei tão engraçado que hoje eu vi que um homem, aquele mesmo homem, me olhava do outro lado na rua. No outro passeio caminhando devagar olhando tudo em sua volta como um jovem curioso.  E eu como um homem de trinta corria para não perder o emprego. E ele me olhou.
Márcio Mattos

03 janeiro 2011

Carta de um Amigo

Seu maior problema é ver luzes inexistentes em meio à escuridão. Acreditar nas palavras do coração que são fruto de seu auto-engano. Eu gostaria de saber por que você é assim, porque se apega a positividade. Por noites luto contra os lençóis de minha cama em pesadelos em que o vejo, mais uma vez, sofrendo em logro. Até quando será preciso morrer para aprender a ver seu reflexo nos espelhos da ilusão. Até quando sofrer na penumbra de seus pensamentos.
Todos aqueles que o tocam queimam tua pele numa ferida que não cicatriza. O veneno navega em seu sangue, envolve seu corpo e cega seus olhos. Você esta mais uma vez alucinado, viciado e queima seu coração.
O simples ar da graça o arremessa contra o chão  junto a todos os planos do dia perfeito. Você o quer ao teu lado, não venha me dizer que o quer bem ou que quer somente sua amizade. Você quer seu sábado à noite de volta. E a presença de alguém para te proteger. Você quer de volta o olhar que nunca foi seu, mas o teve por alguns intermináveis instantes.
Sabe Matt o sofrimento é o desfecho interminável de um sentimento muito bom. Pois então, você não é capaz de livrar-se da idéia de voltar aos tempos serenos de felicidade. Seu maior problema Matt é o amor.