Não sei bem dizer se entendo o que ela sente ou não. Por vezes senti-me em seu lugar, tomei suas dores e gostaria de tocar sua face. Em outros tempos simplesmente lia um texto sem vida, não o texto, somente minha pessoa. As suas palavras entravam em minha mente como que uma carta destinada a mim. Pura e inteiramente a mim, suplicando num grito desesperado aquela resposta que um dia eu procurei feito um lunático, corri feito um pássaro que corta as nuvens em dois. Sempre a procura de um ideal. O fato é que essas coisas doem a cabeça demasiado forte para os fracos, que são por outro lado fortes demais. Que são fortes sem saber e demonstrar. Sem o conhecimento dos outros que tem uma vida serena e calma, e ninguém tem, porém, por vez. Todos têm uma vida um tanto quanto mais fácil. São aqueles que sofrem uma dor inconfundível e desconhecida. Quase única, não fosse um mundo tão grande e abrangente. Senti-me em sua pele. Ela reflete o meu passado e temo que não tenha o meu pressente buscando o meu sonhado futuro. Que seja forte tanto quanto eu fui, ou que seja mais. Que pense e viva levianamente. Que sinta o peso como uma arma e dela faça sua vitoria. Quero que veja em que mundo estamos, e acima de tudo, em que mundo está. Pois eu pouco jovem, e muito fraco, talvez não saiba como é sua dor. Como é seu mundo de ontem, hoje e agora. Amanha e sempre. E nunca. Talvez seja o que eu pense e talvez seja o que eu nunca possa pensar em meus mais profundos declínios. Vejo-me num mundo de dor e cortes. Sangue e alma, e poder de fraqueza. A dor que move os pés e leva o corpo. E eleva a alma e fortifica o ser.
E eu que sempre reclamei da minha vida. E eu que sempre me pus num mural como exemplo de sofrimento de dor. E em casa por vezes, me sentia envergonhado por ter uma vida tão luxuosa e por vezes via também que aquilo não me completava e não supria meus desejos. E o ser humano sempre quer mais, e sempre, luta por ter mais. Porém alguns nem sempre buscam, somente querem. Não lutam, somente esperam. E eu sempre procuro um modo de encontrar o que sonho, por vezes erro. E não sinto mais necessito de contar que errei somente erro e mudo. Cresço, amadureço. Passo e nem mais posso lembrar que errei com a cabeça focada em novos problemas. Pois esse círculo nunca se abrira. Nunca se rompera. Sempre que um problema acaba inicia-se outro. Sempre que algo tem fim, novos conflitos têm inicio. E como um círculo, uma bola de neve forma-se descendo a ladeira e crescente explode contra pinheiros no fim da montanha. É o clímax do inicio e do fim de nossas vidas. O ápice de nossos problemas, tanto pequenos quanto grandes, que fazem da nossa cabeça uma espécie de lenha que queima devagar numa noite fria. Ilumina-te, move-te, cresce-te, leva-te, ajuda-te, porém, acima de tudo, queima-te. Destrói numa ferida sem cura, que nunca some de sua pele que um dia, quando muito jovem, foi delicada e bela. Hoje, tua pele esta queimada, tua face manchada e teu coração, tão jovem, é velho. É forte e triste. Somente contigo luta pela vida, pela esperança de que um dia tudo isso passara. Tudo renovara, de que um dia, por mais clichê que seja, seremos felizes. Será feliz. Serei feliz.
De acordo com a necessidade de expressão quanto ao assunto. Creio que só terei algumas poucas, quase somente uma, coisa a dizer. Diga, fale, escreva somente aquilo que sente. O que tem necessidade de criar. Se sente vontade e capacidade. Pressão pessoal única a qual diz a si mesmo(a); Faça!, então assim, sim, faça o que tem necessidade. Não faça nada que não queria, não recite, não comente e nem desabafe se não for de coração. Se não for de total necessidade pessoal. E crescimento de um trabalho que fornece somente a você.
Márcio Mattos