12 junho 2013

Ensaio sobre o amor

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Ensaio sobre o amor
NA ALEGRIA E NA TRISTEZA DE MEUS PAIS E IRMÃOS

Onde é que se encontra o valor da luta pelo amor em um relacionamento nos dias que se seguem? Talvez este raciocínio esteja aqui somente para que eu possa me justificar ou talvez eu realmente tenha aprendido isto com meus pais.
Meus pais, casados a mais de vinte anos – e eu sei que isso é pouco – me mostraram o valor de conservar um relacionamento pelos tempos em uma forma de perdão. Não pense sequer por um momento que eu vivi uma vida onde assisti um casal se beijando e trocando caricias, carinhos e elogios nos bons momentos e raiva, rancor, repulsa e ódio nos maus. Foi tudo bem balanceado e a forma de expressar certos sentimentos nunca existiu na vida desse casal. Pelo menos, não para mim ou para meus irmãos. Não minto se disser que já os vi trocando algumas caricias e alguns xingamentos. Contudo a vida de amor e ódio do casal se passou mais por traz de nossos olhos e não por censura das crianças e sim porque eles são essas pessoas de emoções fortes, porém dosadas.
Quando o sol sorria na vida amorosa e conjugal do casal. Eram tudo lindos jardins de flores vivas e eles seguiam maravilhosamente uma boa vida. Um bom jantar, um bom descanso. Mas, nota-se, que estes momentos nunca na vida são valorizados como deveriam ser e os mesmos derramavam da balança como água corrente e no momento de vetorizar os pontos quem vai até o chão é sempre o lado da balança em que é o momento da briga e do ódio. Meus pais me mostraram isto em momentos em que pude ver com meus próprios olhos a minha mãe dormir junto de minhas irmãs com olhos marejados ou meu pai no sofá da sala com o olhar perdido. De costas um para o outro a vida seguia assim e na mesa do café eu conversava com minha mãe sobre divorcio. Corte este mal pela raiz, eu pensava. Todavia, e eu sempre me revoltava, eles estavam juntos depois de um tempo. Sorrindo e se amando. Havia o perdão e as coisas voltavam a caminhar normalmente. Mas o problema é que nos momentos de ódio elas não deixaram de caminhar normalmente compreende.

NA ALEGRIA E NA TRISTEZA DE MEUS AMORES E AMIGOS

Nós, jovens de vida e espírito, tão vulgarmente tolos pensamos que sabemos os meios e as leis de uma “primeira” vida. Ora, pois até para aqueles - que como eu - acreditam na vida eterna e na reencarnação sabem que nesta vida somos cobertos com um véu que nos não permite saber daquilo que já aprendemos em vidas passadas. Somos então novos no jogo da vida e principalmente e primeiramente do amor. Pensamos que sabemos como lidar com todas as situações e será que não nos arrependeremos um dia de termos ficado tão firme em certos orgulhos da vida?
Na vida conjugal de meus pais eu procurei um reflexo para justificar o porquê de as pessoas amarem e não estarem junto de seus amores para o resto de suas vidas, na saúde e na doença; na riqueza e na pobreza; na alegria e na tristeza até que a morte os separe. Certo, concordo que não é a primeira pessoa que nós nem ao menos sabemos se é o certo que devemos levar tão a serio – salvo por exceções – contudo eu não estou falando somente de relacionamento. Estou falando do mais puro amor. Uma vez que alguns de nós tivemos a sorte de encontrar, conhecer e desfrutar.
Vêm de certo, primeiramente os bons momentos. Em que o casal vive um amor infinitamente bom e satisfatório. Neste momento os amantes têm as melhores razões do mundo para serem e estarem juntos. Nada os compete o erro e nada os separa jamais. Ate o momento em que o jamais encontra mais uma vez aquele emaranhado de problemas que desequilibra a balança. E volto nas últimas palavras que citei na primeira parte deste ensaio para que fiquemos bem esclarecidos; “as coisas voltavam a caminhar normalmente. Mas o problema é que nos momentos de ódio elas não deixaram de caminhar normalmente”. O casal não mais se vê disposto a lutar pelo que importava. Vê o momento da briga, do ódio e de problemas no relacionamento como um erro irrevogável. Não mais como o momento de amor eterno o momento de dor é fatal. Na balança as coisas boas não justificam as más e as más não justificam as boas. Mas então, cadê o voto de “na alegria e na tristeza”? É para mim como ouvir na alegria amo te eternamente e na tristeza odeio te e esqueço te. Como se os seres fossem perfeitos. E essa perfeição utópica é um problema. Em certos casos essa pessoa parti em busca de outro que devera ser perfeito e se não o for partira em busca de outro e partira em busca de outro e partira em busca de outro e partira [...]
Quando o certo seria, como casal lidar com o momento difícil como um casal. Resolve-lo e seguir em frente bem. Isto não é perder o orgulho, ou se rebaixar. Isto é o amor. É esta a troca de fidelidade que o casal se propõe. Depois de tanta troca e de uma liberdade imensa em intimidade. Porque essas pessoas não são mais capazes de por os panos na mesa e limpar a roupa suja voltando ao que era. Que na verdade, não deixou de ser em momento algum. É somente a variação da alegria e da tristeza.


Márcio Mattos