E eu seria capaz de expressar sentimentos no
momento bêbado de amor por alguém? É o que eu me pergunto enquanto no silêncio
dessa noite de ilusão eu ouço algumas vozes na minha cabeça. De alguns garotos
e de algumas amigas. Até talvez do motorista que me propôs esses últimos minutos
ao lado dele, que dorme.
Seria eu um tolo novamente? Por acreditar em alguém
que eu pouco conheço? Posso tentar me apaixonar pelo simples fato de
valorizar-me como ser neste mundo imundo? Bom seria se eu pudesse fazê-lo.
Contudo a força daquele que roubou meu coração aos quatorze anos me faz incapaz
de acreditar no céu estrelado que me cobre. São tantos que rodeiam a minha
cabeça essa noite. Oh! Céus?!
Posso dizer que ele é um homem que esta brincando
sem saber. Mexendo em cada canto do meu ser sem pensar. Fazendo-me viver sem
imaginar o quanto eu sou capaz de sonhar. E eu, como um tolo, danço nessa valsa
da vida esperando seus olhos. Tentando esquecer o quanto ele pode machucar meu
ser. E ele dorme calmo e sereno lá longe. Dentre seus lindos lençóis, que posso
imaginá-lo envolvido em branca seda. Seu corpo jovem calmo a cada segundo de
sua respiração calma... Calma... Calma.
Quem me dera pudesse. Tê-lo-ia entre meus braços
agora se eu fosse o dono da verdade. Se eu fosse dono da razão e do amor. E o
amor não fosse tão forte por estar aqui escrito. Ou estar aqui exposto. Ou não
estar lá ao teu lado deitado dormindo, aconchegando-o com carinho. Deitando-o
em paz. E eu poderia dormir calmo se ele soubesse o que eu tenho vivido em tão
pouco tempo, tampouco poderia imaginar o que é que eu sinto aqui dentro. E como
sendo eu... sou intenso. Sem notar eu sou romântico. Sem querer eu sou o que
não deveria de ser. Sem saber a dor que eu vou sentir por me abrir para alguém que
nem ao menos vê o que eu sou capaz de ser.
Não deveras ser piegas ao próximo ingênuo _ Diz
meu lado coerente _ Contudo, eu gostaria mesmo é de estar sentindo o cheiro, de
perto com minha pele em sua pele, no braço. Sentindo a textura do arrepio. Sentindo
teu sentimento dos segundos em que eu degusto sua vida no meu tato. Eu poderia
ser mais calmo, eu poderia ser mais cego e eu poderia ser talvez, inconseqüente
de estar ali. Porém, o que eu quero é não saber de ser ingênuo e tê-lo. E
tê-lo.
Márcio Mattos
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